02/12/2010

Alguns Livros de José Saramago (formato PDF)

Meus caros amigos, aqui vous deixo alguns livros de José Saramago em PDF.
São para mim, obras a guardar, cada um no seu estilo bem próprio.
E assim, fica mais fácil guardar livros. Alguns deles  são mais antigos, mas prometo e quando for "possivel", postarei obras mais recentes.
Por agora ficam estes, espero que vos agrade.

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  • Todos os nomes é um romance escrito em 1997 por José Saramago.

O romance conta a história de um escriturário do principal cartório de registro da cidade que resolve arranjar um hobby para distrair-se do trabalho monótono. Começa então a colecionar recortes de pessoas famosas. Quando descobre que são todas semelhantes - meras imagens - passa a buscar detalhes da vida da gente simples e desconhecida, até enredar-se em um labirinto intransitável de informações e números, sugerindo que, se a vida se resumiu a números e documentos, é preciso refazê-la.

        "Quando acabei de falar, ela perguntou-me, E agora, que pensa fazer, Nada, disse eu, Vai voltar àquelas suas coleções de pessoas famosas, Não sei, talvez, em alguma coisa haverei de ocupar o meu tempo, calei-me um pouco a pensar e respondi, Não, não creio, Porquê, Reparando bem, a vida delas é sempre igual, nunca varia, aparecem, falam, mostram-se, sorriem para os fotógrafos, estão constantemente a chegar ou a partir(...)".
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  •  A caverna (2000) disseca, através da história de pessoas comuns, o impacto destruidor da nova economia sobre as economias tradicionais e locais. Trata-se da história de uma família de oleiros que vê sua vida transformada com a chegada de um grande centro de compras à cidade.

O próprio shopping center pode ser fisicamente comparado a uma caverna, mas a história vai além dessa comparação e traça paralelos inclusive com o mito da caverna de platão e a questão dos simulacros.

Em A caverna, Saramago recobra o mito de Platão para discutir o capitalismo em uma sociedade em que as pessoas tornaram-se apenas profissões, sombras.
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  •  Ensaio sobre a Cegueira -
Esta obra, de José Saramago, faz uma intensa crítica aos valores da sociedade, e ao que acontece quando um dos sentidos vitais faltam à população.
A cegueira começa num único homem, durante a sua rotina habitual. Quando está sentado no semáforo, este homem tem um ataque de cegueira, e é aí, com as pessoas que correm em seu socorro que uma cadeia sucessiva de cegueira se forma… Uma cegueira, branca, como um mar de leite e jamais conhecida, alastra-se rapidamente em forma de epidemia. O governo decide agir, e as pessoas infectadas são colocadas em uma quarentena com recursos limitados que irá desvendar aos poucos as características primitivas do ser humano. A força da epidemia não diminui com as atitudes tomadas pelo governo e depressa o mundo se torna cego, onde apenas uma mulher, misteriosa e secretamente manterá a sua visão, enfrentando todos os horrores que serão causados, presenciando visualmente todos os sentimentos que se desenrolam na obra: poder, obediencia, ganância, carinho, desejo, vergonha; dominadores, dominados, subjugadores e subjulgados. Nesta quarentena esses sentimentos se irão desenvolver sob diversas formas: lutas entre grupos pela pouca comida disponibilizada, compaixão pelos doentes e os mais necessitados, como idosos ou crianças, embaraço por atitudes que antes nunca seriam cometidas, atos de violência e abuso sexual, mortes,…
Ao conseguir finalmente sair (devido a um fogo posto na camarata de uma grupo dominante, que instalara ainda mais o desespero controlando a comida a troco de todos os bens dos restantes e serviços sexuais) do antigo hospício onde o governo os pusera em quarentena, a mulher que vê depara-se com a ausência de guarda: “a cidade estava toda infectada”; cadáveres, lixo, detritos, todo o tipo de sujidade e imundice se instalara pela cidade. Os cegos passaram a seguir os seus instintos animais, e sobreviviam como nômades, instalando-se em lojas ou casas desconhecidas.
Saramago mostra, através desta obra intensiva e sofrida, as reacções do ser humano às necessidades, à incapacidade, à impotência, ao desprezo e ao abandono. Leva-nos também a refletir sobre a moral, costumes, ética e preconceito através dos olhos da personagem principal, a mulher do médico, que se depara ao longo da narrativa com situações inadmissíveis; mata para se preservar e aos demais, depara-se com a morte de maneiras bizarras, como cadáveres espalhados pelas ruas e incêndios; após a saída do hospício, ao entrar numa igreja, presencia um cenário em que todos os santos se encontram vendados: “se os céus não vêem, que ninguém veja”…
A obra acaba quando subitamente, exatamente pela ordem de contágio, o mundo cego dá lugar ao mundo imundo e bárbaro. No entanto, as memórias e rastros não se desvanecem.
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  •  O Evangelho segundo Jesus Cristo - 

O livro conta uma história humanizada da vida de Jesus e alude a uma sua eventual relação com Maria Madalena (no livro, foi com ela que Jesus "conheceu o amor da carne e nele se reconheceu homem"). Ao adoptar essa perspectiva, de humanização de Cristo, distante da representação tradicional do Evangelho e evidenciando o seu caráter frágil e vulnerável, Saramago coloca que a propagada história da crucificação de Jesus, "um revulsivo forte, qualquer coisa capaz de chocar as sensibilidades e arrebatar os sentimentos", resultou na imposição de "uma história interminável de ferro e de sangue, de fogo e de cinzas, um mar infinito de sofrimento e de lágrimas",de acordo com a sua visão de mundo, segundo a qual “por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o mais horrendo e cruel", e que, "no fundo, o problema não é um Deus que não existe, mas a religião que o proclama. Denuncio as religiões, todas as religiões, por nocivas à Humanidade. São palavras duras, mas há que dizê-las".Isso levou a que o livro fosse considerado ofensivo por diversos sectores da comunidade católica, a que ele sofresse perseguição religiosa em seu próprio país,e a que o governo português, pressionado pela Igreja Católica e por meio do então Subsecretário de Estado da Cultura de Portugal Sousa Lara, vetasse este livro de uma lista de romances portugueses candidatos a um prémio literário europeu por "atentar contra a moral cristã".
Trechos:
  • "Já que muitos empreenderam compor uma narração dos factos que entre nós se consumaram, como no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e se tornaram servidores da Palavra, resolvi eu também, depois de tudo ter investigado cuidadosamente desde a origem, expor-tos por escrito e pela sua ordem, ilustre Teófilo, a fim de que reconheças a solidez da doutrina em que foste instruído." Lucas, 1, 1-4 (contra-capa)
  • “O filho de José e Maria nasceu como todos os filhos dos homens, sujo do sangue de sua mãe, viscoso das suas mucosidades e sofrendo em silêncio. Chorou porque o fizeram chorar, e chorará por esse mesmo e único motivo.”
  • “Dizer um anjo que não é anjo de perdões, ou nada significa, ou significa demasiado, vamos por hipótese, que é anjo das condenações, é como se exclamasse, Perdoar, eu, que ideia estúpida, eu não perdoo, castigo. Mas os anjos, por definição, tirando aqueles querubins de espada flamejante que foram postos pelo Senhor a guardar o caminho da árvore da vida para que não voltassem pelos frutos dela os nossos primeiros pais, ou os seus descendentes, que somos nós, os anjos, íamos dizendo, não são polícias, não se encarregam das sujas mas socialmente necessárias tarefas de repressão, os anjos existem para tornar-nos a vida mais fácil, amparam-nos quando vamos a cair ao poço, guiam-nos no perigoso passo da ponte sobre o precipício, puxam-nos pelo braço quando estamos quase a ser atropelados por uma quadriga sem freio ou por um automóvel sem travões. Um anjo realmente merecedor de Jesus (...)”
  • “Daqui a quatro anos Jesus encontrará Deus. Ao fazer esta inesperada revelação, quiçá prematura à luz das regras do bem narrar antes mencionadas, o que se pretende é tão-só bem dispor o leitor deste evangelho a deixar-se entreter com alguns vulgares episódios de vida pastoril, embora estes, adianta-se desde já para que tenha desculpa quem for tentado a passar à frente, nada de substancioso venham trazer ao principal da matéria.”LER ««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««
  • História do Cerco de Lisboa
Após a independência de Portugal do Reino de Leão, toda parte sul de Portugal ainda permanecia sob o domínio mouro. Afonso Henriques empreende então uma luta lenta de reconquista dessa região. José Saramago recupera o episódio da conquista de Santarém e do cerco e tomada de Lisboa baseando-se principalmente na História de Portugal escrita por Alexandre Herculano. Porém, o texto de Saramago não é tem pretensões de ser um novo texto histórico, antes é uma paródia.

Raimundo Benvindo Silva é um revisor de textos que recebe a incumbência de fazer a revisão de um livro sobre a História de Portugal. Num diálogo inicial, o autor do livro e o revisor discutem sobre os conceitos literários, a origem da Literatura e o sentido da História.

Num determinado momento da revisão, Raimundo Silva resolve cometer propositalmente um erro na revisão, acrescenta um “Não” a uma frase. Esse não modificaria o entendimento da conquista de Lisboa: “com a mão firme acrescenta uma palavra à página, uma palavra que o historiador não escreveu, que em nome da verdade histórica não poderia ter escrito nunca, a palavra Não, agora o que o livro passou a dizer é que os cruzados Não auxiliarão os portugueses a conquistar Lisboa”.

O fato histórico é que os cruzados depois que chegaram ao Porto partiram e apoio aos portugueses e isso foi decisivo para garantir que o cerco e a conseqüente queda de Lisboa se desse. Raimundo altera isso com o acréscimo do “Não”.

Terminada a revisão, Raimundo Silva entrega o texto ao funcionário da editora, o Costa que manda o texto para impressão. Depois de alguns dias depois de saída a impressão, o “engano” na revisão é descoberto e editora opta por acrescentar uma errata corrigindo o erro da página.

A editora que confiava na experiência de Raimundo, revisor há muitos anos, temerosa de que outros erros pudessem ocorrer, contrata uma senhora para supervisionar o trabalho dos revisores. Maria Sara é a mulher encarregada desse trabalho. Maria Sara faz um entrevista com Raimundo Silva para buscar entender a causa daquele erro. Nessa entrevista ela entrega a Raimundo Silva um exemplar sem errata, provocando o revisor, dizendo que aquele é o único livro que traz uma nova interpretação dos fatos. No desenrolar da conversa, a supervisora se irrita com Raimundo não pelo erro, mas pelo fato de não assumi-lo e de que tal erro provocaria a necessidade de se reescrever aquele episódio da História de Portugal.

Raimundo Silva sente-se então motivado a tomar aquela frase como motivo para reescrever o episódio da tomada de Lisboa sem a participação dos cruzados. Enquanto reescreve a História, ou escreve a Sua História, acaba também iniciando um relacionamento amoroso com Maria Sara.

Na nova versão dos fatos que escreve um simples soldado acaba se destacando nas lutas, tanto pelo seu valor heróico quanto por sua habilidade de reinterpretar as ações, Mogueime, que assume a condição de narrador da história que Raimundo escreve. Mogueime tem uma linguagem oralizada, sua narração escrita é quase a sua fala, seu texto é irônico e por vezes, alegórico e esdrúxulo, por exemplo, quando o rei, Afonso Henriques faz um discurso aos cruzados tentando convencê-los a participar da luta contra os mouros: “Alçou então o rei a poderosa voz, Nós cá, embora vivamos neste cu de mundo, temos ouvido grandes louvores a vosso respeito (...) A bem dizer, a nós o que nos convinha era uma ajuda assim para o gratuito, isto é, vocês ficavam aqui algum tempo, a ajudar, quando isto acabasse contentavam-se com uma remuneração simbólica e seguiam para os Santos Lugares (...) Ninguém melhor ajuda o pobre que o pobre, enfim, falando é que a gente se entende, vocês dizem quanto levam pelo serviço, e a gente logo vê se pode chegar ao preço”.

O episódio anterior a tomada de Lisboa que é a conquista de Santarém é narrada com ironia e um humor que tende para o tragicômico, pois com dez soldados e uma escada de mão os portugueses conseguem conquistar a cidade e causar grande mortandade entre a população moura.

Mogueime, o soldado-narrador, apaixona-se por Ouroana. Assim, as duas narrativas, a do personagem criado por Raimundo Silva e a de Saramago terminam com o romance dos dois casais: Raimundo Silva e Mara Sara; Mogueime e Ouroana.
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