13/11/2010

SEM COMENTÁRIOS - VERGONHA , REVOLTA ..!!

"O Guia do Pedófilo para o Amor e Prazer" estava disponível a 5,60 euros, em formato digital, na Amazon, a conhecida livraria online.

A obra chama-se The Pedophile's Guide to Love and Pleasure . "O Guia do Pedófilo para o Amor e Prazer", em tradução livre, estava disponível a 5,60 euros, em formato digital, na Amazon , a conhecida livraria online.

O editorial do Guia justificava a sua repugnante missão educadora: o livro serve para "tornar as situações pedófilas mais seguras para os jovens que nelas estiverem envolvidos, estabelecendo certas regras para os adultos seguirem". E esperava conseguir o objectivo, "apelando ao melhor da natureza dos pedófilos, na esperança de que, ao fazê-lo, haverá menos ódio e talvez menos possibilidades de serem apanhados". Ficamos a saber pela Amazon.com que há um "melhor" na natureza dos pedófilos. O pior nós imaginamos. Se não foram apanhados nas malhas da justiça, serão almas santas.

O Guia ainda não chegou a Portugal. Se tivesse chegado vinha com, pelo menos, seis anos de atraso. O que não se poupava em incómodos aos predadores, e agora perdedores, dos petizes da Casa Pia condenados pelo Tribunal e de outros, indiciados ou condenados, que enxameiam os jornais?

Os da Casa Pia têm de penar agora à coca de uma vírgula, ou de um certo dia da semana para, de manobra dilatória em manobra dilatória, o processo prescrever. E beatificados serão.

Voltando ao Guia do Pedófilo, um abjecto objecto, por enquanto apenas Guia virtual, esteve a ser vendido pela Amazon.com, até ontem. Mas dificilmente deixará de continuar a ser replicado, negociado e consultado.

O mal-estar e revolta que a obra estava a criar entre os utilizadores da Amazon.com - expressa nos comentários deixados na página e apelando ao boicote da compra do título e pedindo que a Amazon.com o retire da sua lista de vendas - pesou, e muito, na decisão de o retirar do catálogo.

A Amazon.com quando promovia o abjecto objecto justificava-se afirmando que não promovia "actos de ódio ou criminais". Mas, no entanto, apoiava "o direito de cada um tomar as suas decisões individuais de compra".

A Amazon.com recusou-se, quanto pôde, a tirar das suas prateleiras virtuais um guia que tem por objectivo tornar as práticas pedófilas "mais seguras" (sic), acabou por ter de o fazer, depois de dias de polémica e de reclamações. Os eventuais danos comerciais, da manutenção da venda do abjecto objecto, devem ter pesado mais do que os lucros previstos na decisão de o retirar do mercado.

Mas a indecisão e o recuo posterior não abonam em nada as supostas convicções da Amazon. Convicções afoitas, em nome das supremas liberdades. A de violar menores, a de violentar vidas inocentes. E, porque não, imaginamos nós, muitas outras "liberdades"como, por exemplo, a de cada um matar o próximo? A Amazon.com parece ter a segura crença de que para o negócio, hoje em dia, vale tudo. E a verdadeira liberdade vale nada!

Nunca fui comprador de livros pela Internet. Mas para ajudar no negócio sugeria ao colectivo da administração da Amazon, a montar banca, não virtual mas real, na Amazónia, o paraíso toponímico ideal para desenvolver actividades livrescas sem escrúpulos nem remorsos, pelo menos na área temática do Guia.

Na selva quente e húmida, como convém a certas práticas íntimas, a banca poderia aí cumprir a sua meritória acção cultural e de educação e aconselhamento espiritual e sexual, potenciando dividendos chorudos.

Ali, nos tempos livres, que devem ser muitos, recomendava-lhes a leitura e memorização intensiva do Guia do Pedófilo, à semelhança do que faziam os personagens de Farenheit 451, de Ray Bradbury, e que foi transposto por François Truffaut, em 1966, para o cinema. Nesta obra ficcional os livros estavam proibidos e eram destruídos em fogueiras purificadoras como as da Inquisição e cada pessoa decorava uma obra para sobreviver à purga e passar à posteridade.

Inspirados neste exemplo, e nuzinhos, em pelota, poderiam desenvolver aí a sua educativa missão, assimilando os ensinamentos do Guia do Pedófilo. Ao mesmo tempo pregavam, como o Padre António Vieira o fez no Maranhão, à beira da selva amazónica, o sermão de Santo António aos peixes.

Sim porque um pedófilo não deve ser apenas amigo das criancinhas. Também o deve ser dos peixinhos. E se estes, as piranhas do Amazonas, lhes poderem dar um gozo total, roendo-lhes os orgãozinhos e o resto dos seus corpinhos de prazer, porque não? As piranhas também têm direito ao prazer, à vida, à ausência de censura, à ausência de limites, à liberdade total.

Se a Amazon instalar banca na Amazónia, conto lá ir folhear uns livritos. Não prometo que me torne cliente. Mas pelo menos irei constatar, in loco, se os simpáticos peixinhos tiveram muito prazer. É que corpinho de administrador sem escrúpulos deve dar muito gozo.

Por José Alberto Quaresma in Expresso.pt - Sexta feira, 12 de Novembro de 2010

4 commentaires:

  1. incrível!! não há limites para a indignidade!

    bjinho,
    ana

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  2. Pasme-se como à pala da manutenção de determinados direitos e liberdades de uns, se violam deste modo os direitos e liberdades de outros. Foi o que fez a Amazon, ao permitir a publicação de um livro com este tipo de conteúdo. Das duas uma, ou a Amazon não segue as regras de um bom editor, obrigando-se a consultar o conteúdo das obras que publica ou então talvez tenha lá alguém ...
    É simplesmente abominável!
    Eu nem sequer me vou alongar no debate da pedofilia. Ai se eu tivesse poderes para isso ... teria um "tratamento" muito bom para eles !!

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  3. Um assunto polêmico, sem dúvida.
    De um lado aqueles que acreditam na liberdade de expressão (e, neste caso, de aquisição), do outro aqueles que defendem as leis e os bons costumes.
    Pedofilia é crime e, consequentemente, passível de punição, tanto para quem a pratica como para quem a explora - neste caso a Amazon.com que a explora comercializando um guia de "how-to-do"!!!.
    Cadê a punição da Amazon.com?

    Quanto à sugestão do Sr. José Alberto Quaresma do Expresso.pt de levar a Amazon.com para a minha querida Amazonia, considero de lamentável mau-gosto e desde já lhe pergunto, porque não no seu quintal?

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  4. Olha uma coisa "nobody's", eu sabia que tu ias ficar que nem fera, ao ler que o José Alberto Quaresma, preferia o nome da Amazónia!
    Condordo contigo, no aspecto de a Amazonia, ser "talvez" interpretada, como "paraiso calmo para a pedofilia"- Porque sejamos claros, que se é para os deitar as piranhas, não é preciso ser necessariamente na Amazonia não é? Pode até ser no quintal do dito jornalista, ou em outro ponto terrestre.
    Neste aspecto condordo sim.
    Mas penso, que o nome Amazonia, não aparece aqui como "apontar do dedo" á pedofilia, mas sim como um local, onde ele gostaria de poder torturar os pedófilos, lançando-os as piranhas!
    Olha eu nem me dava ao trabalho de ir tão longe assim! Espetava com eles no meio do mar bravo da Bretagne, que era para lhes rebentar devagarinho, com todas as partes do corpo!
    Bjs mil, e agradecida pelo teu comentário

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